Muitas pessoas me perguntam quais lições as empresas podem tirar dos recentes protestos de rua no Brasil. Acredito que sejam várias, no mínimo cinco:
Em primeiro lugar é preciso prestar atenção às condições de trabalho de nossos colaboradores. Nem sempre os dirigentes têm ouvidos ou levam a sério as manifestações de insatisfação e infelicidade de seu pessoal. É preciso ter sensibilidade para ver se realmente os salários são justos e as condições de trabalho e clima empresarial satisfatórios.
Em segundo lugar é preciso ver se os privilégios dos dirigentes não estão se tornando exagerados aos olhos da maioria dos colaboradores. É preciso prestar atenção para ver se os dirigentes cumprem as normas e procedimentos exigidos, por exemplo, em relação a horários, uso de equipamentos de segurança, realização de atividades particulares no horário de trabalho, etc.
Em terceiro lugar é preciso lembrar que os colaboradores têm o direito de saber a realidade verdadeira e não enganosa da empresa em que trabalham. Há empresas que mentem para seus colaboradores de forma continuada e acreditam que isso pode ser feito impunemente e sem consequências. Uma comunicação verdadeira e eficaz é muito importante para as pessoas.
Em quarto lugar é preciso não cair na ingenuidade de acreditar que os colaboradores não tenham consciência a respeito dos itens acima. De que eles não saibam dos privilégios e não percebam as condições precárias de trabalho e que a empresa falta com a verdade.
E em quinto lugar é preciso entender que não existem duas vidas numa pessoa - a vida do trabalho e a vida pessoal. Por isso mesmo somos chamados “indivíduos” que significa indivisível. Temos uma vida só. Portanto a empresa deve ter uma genuína preocupação com o bem estar de seus colaboradores tanto no trabalho como proporcionar condições de um equilíbrio entre trabalho e família, vida pessoal e profissional. Na realidade, empresas inteligentes acreditam que a família “empresta” seus membros para a empresa por um período de tempo todos os dias e cabe a ela (empresa) devolver esse indivíduo melhor do que recebeu da família e não estressado, depauperado, irritado, etc.
O povo tem saído às ruas porque está insatisfeito por motivos concretos - saúde, educação, transporte público, etc. Os dirigentes (políticos) mostram-se surpresos e querem “negociar” apresentando propostas abstratas como plebiscitos, reforma política, etc. acreditando com isso “acalmar os ânimos” do povo. Será isso o que o povo quer? Esquecem que o povo não é bobo. Que lições as empresas podem tirar disso tudo?
Pense nisso. Sucesso!